Embora ambas se manifestem de forma semelhante, a velocidade de transmissão e parte dos sintomas são distintos
Em meio à queda dos casos de coronavírus no
Brasil e à monitoração da nova cepa Ômicron, um aumento repentino nos
casos de gripe tem alarmado a população e as autoridades sanitárias do país.
Esse novo surto da doença, causada pelo vírus Influenza, preocupa
pela rapidez com que se espalha e também pela gravidade, provocando mortes em alguns
Estados.
Diante disso, os centros de pesquisa Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz), Instituto Adolfo Lutz e o Instituto Evandro Chagas estão fazendo
a vigilância das atuais ocorrências da doença, causada pela variante H3N2 -
também batizada de Darwin, em referência à cidade em que foi
sequenciada, na Austrália.
Embora seja uma cepa diferente, os sintomas provocados por
ela são os mesmos da gripe comum. Por consequência, a doença pode ser
facilmente confundida com outras síndromes respiratórias, principalmente a
COVID-19, que ainda está em status de pandemia ativa. Portanto, saiba como
diferenciar os dois quadros:
COVID-19 ou H3N2: como
diferenciar?
Em termos de manifestações clínicas, tanto o H3N2 quanto
o coronavírus podem apresentar sintomas semelhantes em vários
aspectos, como febre, mal-estar, fraqueza muscular (astenia) e dor de
cabeça.
"Nesses casos, é muito difícil distinguir o agente
etiológico apenas pela história e pelo exame físico. O recomendado é isolar o
paciente imediatamente, independentemente do vírus", explica Gabriel
Garcez, diretor médico do Grupo Conexa.
A falta de ar, segundo Garcez, pode se dar apenas por
congestão nasal ou por complicações do sistema respiratório, tais
como pneumonia bacteriana e agravamento de asma.
A velocidade da transmissão também é um importante ponto de
diferenciação entre os dois vírus. Em casos de influenza, os sintomas
são mais intensos nas primeiras 48 horas. Já o coronavírus apresenta
sintomas mais intensos a partir do 5º ou 6º dia de infecção.
Além desses pontos, a perda do paladar e/ou do
olfato é um sintoma exclusivo do SARS-CoV-2. Esses sinais são mais
característicos na cepa original da COVID-19 e também da variante Delta.
Compare a seguir os principais sintomas de cada doença:
Gripe H3N2
Tosse
Forte dor de garganta
Coriza ou nariz congestionado
Dor de cabeça e dores no corpo
Febre
Fadiga
Diarreia.
COVID-19
Febre
Tosse seca
Dificuldade para respirar ou falta de ar
Coriza
Dor de garganta
Perda de olfato e/ou de paladar
Dor de cabeça
Cansaço
Náusea, vômitos e diarreia
Diminuição do apetite.
De acordo com Carlos Machado, clínico geral e especialista
em Medicina Geral Preventiva e do Envelhecimento, os vírus da família HN
(Influenza) são agentes que atacam o pulmão, ao invés do organismo
como um todo - que é o que ocorre em casos de infecção pelo coronavírus.
"Os coronavírus [...] são muito mais graves, porque
eles comprometem o corpo inteiro. Você tem uma infecção respiratória e também
uma infecção que provoca trombose no sangue, miocardite, encefalite,
ou seja, provoca muitas lesões em todos os órgãos. Então, o coronavírus é muito
mais agressivo e muito mais contagioso [que o vírus Influenza]", esclarece
o especialista.
H3N2 em crianças
De acordo com o médico Gabriel Garcez, diferente do que
acontece na COVID-19, crianças são consideradas grupo de risco para a
infecção por Influenza A e podem evoluir com quadros clínicos mais graves.
"Uma das explicações para isso é a complicação comum para otites e
sinusites bacterianas", explica.
Ainda segundo o especialista, não é raro crianças
apresentarem também bronquiolite, uma infecção pulmonar viral que provoca
a inflamação das vias aéreas mais estreitas do pulmão, e pode levar a
internações.
Vacina da gripe protege contra
o vírus H3N2?
Por conta da facilidade de transmissão dos vírus da gripe,
é importante seguir uma série de cuidados para se proteger da doença, o que,
eventualmente, inclui tomar a vacina contra a gripe. Porém, de acordo com um
estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, os
imunizantes disponíveis não protegem contra a variante Darwin.
Em uma entrevista prévia ao Minha Vida, Edson
Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo, esclareceu que as
vacinas aplicadas até então no Estado foram para enfrentar especificamente o
vírus H1N1 e, por isso, a cepa H3N2 exigiria outro imunizante.
Alguns especialistas acreditam que as vacinas possam ter
certo grau de efetividade contra a variante. Entretanto, a tática de combater
uma cepa nova com um imunizante já existente, chamada de proteção
cruzada, costuma apresentar um nível de efetividade baixo.
Em função disso, é importante adotar algumas atitudes que
podem prevenir contra o H3N2 - e que não fogem do que é recomendado também para
a pandemia de COVID-19, como distanciamento social, higiene constante das
mãos, uso de máscaras e evitar ambientes pequenos e mal
ventilados. "Mais importante que o tratamento é a prevenção. [...]
Caso esteja com sintomas, ficar em casa é uma medida importante", finaliza
Garcez.
Fonte: Minha Vida
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